terça-feira, 2 de abril de 2013

Sobre o palco, sob as estrelas: em cena, a representação da Paixão de Cristo de São João Nepomuceno

(No link abaixo do texto, as fotos da encenação)

Todos os anos, há mais de 30 sextas-feiras santas, eles sobem ao tablado de madeira e revivem os últimos momentos de Cristo na Terra. São atores, comerciantes, profissionais liberais, crianças, idosos, guiados pela fé, tradição ou, simplesmente, pela vontade de atuar. A emoção contamina muitos, sobretudo quem está em cima do palco. Mas emoção mais forte é a de poder participar das engrenagens do projeto.

Explico: este ano, antes do grupo começar a ensaiar, tive a súbita vontade de não fazer fotos e participar atuando na peça. Mas entre o desejo de estar no palco e o receio de não registrar, surgiu outro fato: o Grupo de Teatro Novos Horizontes, responsável pela apresentação,  foi solicitado a organizar a história da encenação para subsidiar o governo municipal no projeto que vai registrá-la como bem imaterial. Dessa forma, em meio a uma conversa informal, fui chamado a fazer não só as imagens da peça como
também a registrar os ensaios e detalhes do trabalho. Veio junto a vontade megalomaníaca de fazer um documentário por conta própria. Afinal, nada melhor para mostrar a importância de um projeto do que resgatar a memória oral de pessoas que fazem ou fizeram parte dele. Em meio à coleta de depoimentos pude perceber a grandeza da iniciativa e a emoção presente nas entrevistas. Cada história contada se ligava a outra numa teia tecida em mais de três décadas. Com isso, tive a certeza de que não conseguiria captar tudo pela impossibilidade de conversar com tanta gente e de que, inevitavelmente, cometeria injustiças por não poder dar voz a todos. Confesso que fiquei um pouco frustrado. Mas, enfim, filmar é editar.

Em breve, com o documentário pronto, explicarei outros detalhes e desafios da produção. Por ora, vale contar que o fato de me aproximar de tantas histórias me fez valorizar ainda mais o trabalho, entender a importância de cada tábua e prego e endossar a oração silenciosa, mas coletiva, para que a Sexta-Feira Santa não fosse de chuva. E, apesar de as estrelas terem permanecido tímidas sobre o céu nublado, o fato é que a reza funcionou e até a lua cheia espiou por um momento a encenação. E a cidade pode, mais uma vez, escrever a sua história.



João Batista e o batismo dos pagãos

Batismo de Cristo

Salomé e a cabeça de João Batista



Cura do leproso

Locutores que dublam os personagens em cena


Diretor Ney Morais orienta crianças antes de elas entrarem em cena


Cura do Cego

Boa Samaritana





Vendilhões do Templo



Ressurreição de Lázaro























A tentação de Cristo








































Após a encenação, o público segue na procissão do enterro até a igreja do Rosário.




3 comentários:

  1. Lindo texto Marcus...esta de parabens....Sou Fã...Bjuss...SAS

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  2. Mais uma vez,demonstrou não só o profissionalismo,mas a grande paixão no que faz!!!!Parabéns Marcus Martins.
    Everson Rezende

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  3. Linda festa! Registro perfeito. Abraço grande e obrigada por permitir que eu participe das festas de SJN mesmo tão distante.

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